Caro seguidores do "A vida é bela em Almeida", este texto vai ser publicado dia 22 no blog com link aqui ao lado "aldeia da minha vida", http://www.aldeiadaminhavida.blogspot.com/ , para ser sujeito a votação. Entrem no link e comentem, pois o melhor comentário ganha um prémio.
AS JANEIRAS EM ALMEIDA
Escrito por Ana Paula Simões Ferreira
http://roxa1.blogs.sapo.pt
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“VAMOS TODOS JUNTOS
TODOS REUNIDOS
DAR AS BOAS FESTAS
AOS NOSSOS AMIGOS”
Almeida, vila única em Portugal, diferente também nas tradições. Em Almeida, não se cantam as Janeiras… antes do Natal, e durante um par de semanas, os elementos, cerca de quarenta, do Coro Etnográfico de Almeida, visitam todas as casas da freguesia e oferecem a quem lhes abre a porta, as “Festinhas do Natal”.
“BOAS FESTAS, BOAS FESTAS
TENHA VOSSA SENHORIA
E BOAS ENTRADAS DE ANO
COM PRAZER E ALEGRIA”
O Sr. Basílio encarrega-se do bandolim, o Sr. Ramalhete toca o acordeão, a Sr.ª Maria e eu abanamos as pandeiretas, o menino Toninho (menino de quase 80 anos) tilinta os ferrinhos e o Zé Fernando bate com força no bombo…. E todos juntos sempre sob a batuta do nosso maestro Paulinho cantarolamos alegremente as Festinhas do Natal, sempre com muito frio, ora debaixo de chuva, ora salpicados de branco da neve, acautelados com gorros, luvas, cachecóis e afins…. Mas permanentemente com boa disposição para partilhar com quem nos espera atrás da porta, sentado no quentinho do lume a arder.
“ INDA AGORA AQUI CHEGUEI
JÁ PUS O PÉ NA ESCADA
LOGO MEU CORAÇÃO DISSE
QUE AQUI MORA GENTE HONRADA”
“Tome lá menina, é o que tenho, dinheiro não posso dar”, “Olha que já levam a bolsa pesada….”, “Eu só cá tenho uns figuinhos... mas bebam uma ginginha caseira, logo aquecem a garganta!” E por hoje já chega que os instrumentos já pesam e as senhoras batem os dentes com tanto frio. “Até amanhã, a ver se o são Pedro é mais amigo da gente”.
“SÃO FESTINHAS DO NATAL
SÃO FESTINHAS DE ALEGRIA
QUE AS MANDA O REI DO CÉU
FILHO DA VIRGEM MARIA
Na noite seguinte encontramo-nos num café para avançarmos mais uma rua todos juntos e logo aí fazemos o aquecimento vocal cantando para os donos e clientes presentes. “Falta a dona Adelaide” “É capaz de não vir, ontem já estava constipada”. Na primeira casa do segundo dia é sempre a mesma a saudação inicial, mal os primeiros acordes são tocados e as primeiras sílabas trauteadas, abre-se a porta, como que se já estivessem esperando em jubilosa esperança e: “ah, eu já sabia que aí andavam, já me tinha dito fulana tal que já tinham ido à casa dela. Tomem lá uma notinha, que é para não irem já carregados.”
“COMO ALEGRES PASSARINHOS
A NOSSA VIDA É CANTAR
AOS SENHORES DESTA CASA
NÓS QUEREMOS SAUDAR”
E continuando o nosso percurso, às vezes com uns tropeções à mistura que o chão está escorregadio da geada, comentamos entre nós: “olha que realmente a ‘ti qualquer coisa’ tinha a luz acesa e assim que nos ouviu apagou-a, para pensarmos que não está ninguém em casa… sempre foi uma forreta toda a vida…!” “ah, e o ‘ti fulano tal’, coitado, não tinha nada em casa para oferecer e ainda nos deu uma garrafa de jeropiga que lhe deram!”
“SOMOS O CORO ETNOGRÁFICO
P’RA VOCÊS VIMOS CANTAR
TAMBÉM QUEREMOS AS JANEIRAS
SE NO-LAS QUISEREM DAR”
E pronto, está cumprida a missão por este ano. Agora resta-nos arrumar os instrumentos e aproveitar a época das festas. “Bom Natal Maestro”, “Feliz Ano Novo, não se esqueçam que temos ensaios dia 4 de Janeiro” e “ Boas Festas a todos”.
“DESPEDIDAS QUEREMOS DAR
COMO CRISTO EM BELÉM
COM AS LÁGRIMAS NOS OLHOS
SE DESPEDE A QUEM QUER BEM”